Existe uma hora em que a cidade para. É quando a água ferve, o pó dança no filtro e o aroma toma conta da casa — ou da rua, da cafeteria, do escritório… O café é mais do que uma bebida: é gesto, pausa, convite. É o “vamos ali conversar um pouco?”, o “senta aqui que eu vou coar um café”. E é por isso que o Dia Mundial do Café, celebrado nesta segunda, 14 de abril, é tão importante. Não porque alguém no calendário disse, mas porque nos lembra de tudo que essa xícara representa: memória, afeto, sabor e descoberta.
Brasília tem bebido essa ideia com gosto. O cenário do café especial por aqui não é mais novidade. Há pelo menos oito anos, o mercado tem se aquecido. Novas torrefações, cafeterias com propostas autorais e fazendas produtoras vêm ganhando espaço e reconhecimento nacional. É por isso que, pra celebrar esse dia, resolvi listar — com o coração e o paladar — algumas cafeterias daqui que eu considero imperdíveis. São lugares que eu frequento, gosto, indico e volto sempre que posso. Mais do que pontos de venda, são pontos de encontro.
O Studio Grão Coffee Roasters, por exemplo, é café que sabe ser café. A marca, que nasceu no Sudoeste e hoje também habita a Asa Sul e a Asa Norte, oferece microlotes incríveis e um menu enxuto, mas certeiro. É o tipo de lugar que te ensina a prestar atenção no que está na xícara. E se você ainda não foi em nenhuma das três unidades, já está atrasado.
Do outro lado da história — ou melhor, na fundação dela — está o Ernesto Cafés Especiais. Um clássico que segue sendo clássico e tem brunch, tem almoço, tem café pra levar, pra ficar, pra viver. É um desses lugares que você pode passar o dia inteiro e ainda querer voltar no dia seguinte.
Tem também o 002 Café, que começou pequeno na Asa Sul, e agora habita Águas Claras com mais espaço, mais café e o mesmo cuidado de sempre. É um café descolado, com menu inteligente, sabores complexos e aquele sanduíche com kimchi que eu recomendo pra todo mundo. O tipo de cafeteria que mostra como o novo pode ser feito com profundidade.
Falando em afetos, o Adorável Café sempre vai ocupar um lugar especial na minha xícara. Conheci o espaço ainda nos meus primeiros passos como repórter, e ele me lembra exatamente disso: que café também é memória. Com duas unidades em Águas Claras, o Adorável tem um menu gostoso, um ambiente acolhedor e um nome que faz jus ao que entrega.
E aí tem o Crioula Café. Se Brasília tem um café que foge do óbvio, é esse. Quilombola, afetivo, com cardápio cheio de memória e café passado no coador de pano. Fundado por Helena Rosa, o Crioula é mais do que cafeteria, é um espaço de cultura, de resistência e de sabor. Um dos poucos lugares onde o café vem carregado de história, regionalidade e tradição.
Já o Armando Café é o meu ponto de parada para o melhor cookie de Brasília. Sério. Com unidades no Jardim Botânico e no Conjunto Nacional, o Armando tem cafés muito bem tirados, mas os cookies. São o tipo de coisa que vale a viagem. A confeitaria no geral é excelente, mas esse detalhe faz a diferença — e me faz voltar.
Outra cafeteria que me ganhou pelo estômago foi a Pató, na Asa Norte. Um café pequeno, charmoso, cheio de estilo. A confeitaria por lá é comandada pela Duda Patriota, que transforma doces em arte. A cheesecake? A melhor da cidade, com folga!
Mais recente na cena, o Castanho me surpreendeu. Equilibrado no preparo dos cafés, impecável no menu — tanto nos doces quanto nos salgados — e com um ambiente que é puro bom gosto. É desses cafés que chegam devagarinho e, quando você vê, já está indicando pra todo mundo que passa.
E falando em lugares bons pra passar o tempo, o Acervo é sempre uma escolha certa. Dentro da livraria da Casa Park, o café se mistura com os livros e cria uma atmosfera quase mágica. Eu amo o combo: comida boa, café especial e aquele silêncio confortável de quem está lendo ou pensando. Ainda não fui na unidade da Asa Norte, mas está nos meus planos para os próximos dias.
Por fim, mas não menos importante, a Casa Almeria. Que não é só uma cafeteria, é um lugar pra qualquer hora do dia. Tem brunch, almoço, café da tarde, jantar, happy hour. Tudo bem executado, bem servido, bem pensado. Um desses espaços onde você se sente bem recebido do começo ao fim. E onde o café também é o protagonista — mesmo em meio a tanta opção.
E o melhor de tudo: a gente tem cafés onde dá vontade de estar. Para ler, trabalhar, marcar um date ou só pra tomar um capuccino olhando a rua. O importante é: vá. E, claro, nunca pare de tomar café.
Até a próxima dose de Cafeína Pura!
Eu sei, foi difícil escolher só dez. Brasília tem muitas outras cafeterias incríveis. A Adélia Padaria, o Quanto Café, o Belini, a Castália, o Antonieta, o Mercado do Café, o Los Baristas, o Vértice, o Minimalize, o Aha!… A lista poderia seguir por páginas. E isso só prova o quanto o cenário por aqui está vivo, pulsando, crescendo. A gente tem fazendas, tem torrefações, tem gente apaixonada por café transformando a cidade numa referência nacional.
