Se antes o café especial parecia um capricho distante, hoje ele se tornou a escolha mais inteligente para quem não abre mão de qualidade. O café tradicional disparou de preço, enquanto o especial teve reajustes mais modestos. O resultado? Agora, por uma diferença de valor muito menor, você pode optar por um café superior, cheio de sabor e benefícios, sem pagar tanto a mais por isso.
O aumento do café tradicional tem explicação: quebra de safra, alta do dólar e oscilações do mercado internacional, já que o café comum é tratado como commodity. Quando a bolsa de valores mexe, o preço acompanha. O especial, por outro lado, segue outra lógica. Como explica João Felipe Parreiras, da Solare Cafés Especiais, esse mercado tem um giro menor e um estoque que dura mais tempo, o que dá mais estabilidade nos preços. Além disso, as microtorrefações, que compram direto do produtor, conseguem negociar valores melhores e absorver parte dos reajustes.

“A volatilidade do café tradicional é muito maior porque as grandes indústrias compram enormes quantidades o tempo todo, e isso faz com que os preços variem de forma muito mais intensa”, diz João Felipe. “Já no mercado de cafés especiais, o giro é menor, então conseguimos comprar uma quantidade suficiente para um período maior e, muitas vezes, fechar negociações mais estáveis com os produtores.”
Outro fator que pesa na conta é a qualidade. O café tradicional, muitas vezes, vem misturado com grãos defeituosos e impurezas – algo que a Portaria 570 do MAPA, que entrou em vigor em 2023, começou a coibir, forçando um aumento na qualidade e, consequentemente, no preço. Mas a diferença ainda é gritante. O café especial passa por um rigoroso processo de seleção, tem torra equilibrada e realça notas sensoriais naturais, sem precisar daquela torra escura que esconde defeitos e pode trazer problemas como acidez excessiva e desconforto gástrico.
“Ainda existe uma ideia de que o café precisa ser extremamente forte e amargo para ser bom, mas isso vem de uma tradição em que os cafés eram torrados demais para mascarar defeitos”, explica João Felipe. “Na verdade, uma torra bem feita, média ou média-clara, preserva os compostos benéficos do café e pode até ajudar na digestão, no humor e na saúde do cérebro.”
O café especial é mais acessível, mas ainda não é para todos
Dito isso, é bom lembrar que nenhum dos dois está exatamente barato. O café especial se tornou mais acessível, mas não é ainda um produto popular. “O preço dos alimentos no Brasil está alto, e infelizmente isso afeta o café também”, diz João Felipe. Essa realidade levou ao surgimento de produtos chamados de “café fake” – misturas que contêm cascas, impurezas e até ingredientes que não são café de verdade. Isso mostra que, mesmo com a aproximação de preços entre especial e tradicional, o acesso ao café de qualidade ainda não é uma realidade para todos.
A Solare Cafés Especiais é um exemplo de microtorrefação que busca democratizar esse acesso. Relativamente nova no mercado de Brasília, a Solare trabalha diretamente com pequenos produtores, garantindo um café rastreável, sustentável e de alta qualidade. Mas, como qualquer pequena empresa, enfrenta desafios. “Nós não temos um grande capital de giro para formar estoques imensos, então compramos na medida em que vendemos”, explica João Felipe. “Isso nos deixa mais expostos às oscilações do mercado, mas também nos permite ter um controle mais próximo da qualidade e oferecer um café sempre fresco para os nossos clientes.”

Mas se café faz parte do seu dia a dia, por que não escolher o melhor? Ao contrário do tradicional, que muita gente faz em grande quantidade e depois requenta, o especial pede um preparo mais cuidadoso, em doses menores e na hora certa. No fim, pode até compensar mais. Além disso, os benefícios vão além do sabor: um café bem torrado e livre de impurezas pode ajudar na digestão, melhorar o humor e até contribuir para a saúde do cérebro.
“Quem faz a transição para o café especial percebe que não precisa mais de uma garrafa cheia para passar o dia. A qualidade é tão superior que a experiência muda completamente”, diz João Felipe. “O que eu vejo é que, conforme mais pessoas experimentam um bom café, elas não querem mais voltar para o tradicional.”
Com o preço apertando para todos os lados, o que faz sentido é buscar o melhor custo-benefício. E, hoje, isso significa investir num café especial, se isso estiver dentro da sua realidade e fizer sentido para você!
Até a próxima dose de Cafeína Pura!